Viagem ao Atacama by Frazões pelo Mundo

Novamente tivemos o privilégio de viajar com os filhos. Nada mau para os dias de hoje, com cada um seguindo seu caminho...

DOMINGO:

Saímos do Rio dia 30/07, chegando a Santiago às 15:40h. Fomos para o Hotel Plaza San Francisco, que já conhecíamos de outra viagem, muito bem localizado, confortável, ótimo desajuno e funcionários bem gentis e prestativos. É bom salientar que Santiago tem taxistas iguais aos do Rio, portanto, todo cuidado é pouco. As viagens têm que ser combinadas antes, taxímetro, nem pensar. E o hotel disponibiliza um serviço, um pouco mais caro que uma viagem justa, mas que vale a pena.

Como chegamos cedo, fomos passear no Patio Bellavista, pois tínhamos reserva no “Como Água para Chocolate”. Fizemos umas comprinhas e o jantar foi ótimo ****. Provamos o pisco e os frutos do mar, realmente deliciosos.

SEGUNDA, 31/07:    

Saímos cedo para ver a troca da guarda no La Moneda (Palácio do Governo), mas foi antecipada devido a um evento interno e perdemos, apesar de ter conferido antes no site. Seguimos para o Centro histórico, passando pela Catedral, Plaza de Armas, Congresso, Mercado, etc...Fomos fazer câmbio e almoçamos num shopping no Centro mesmo. Aproveitamos para ver as promoções da loja Falabella. Voltamos ao La Moneda, onde fomos ao Centro Cultural, havia exposição de Andy Warhol. Tomamos um café, subimos no Cerro Santa Lúcia, voltamos de metrô ao Patio Bellavista para mais compras e passamos também na feira de artesanato da praça.

Voltamos ao hotel às 18h, breve descanso e saída para jantar no “Aquí Está Coco”****; foi o melhor jantar da viagem: comida maravilhosa, ambiente lindo, serviço bom, ótima carta de vinhos (tomamos o “Secreto”, nacional kkk). Gabi comeu um suflê de centolla, nota 10.

TERÇA, 01/08:   

Aeroporto, voo para Calama. Chegamos às 14h e pegamos o transfer(Pampa) pré contratado. Mais de uma hora de viagem até San Pedro, já vendo a paisagem árida do deserto. Chegamos ao hotel “Casa de Dom Tomás”, que merece um capítulo à parte nessa história: apesar de já ter lido os ótimos comentários no Trip, ao vivo e a cores foi muito melhor... Funcionários sempre simpáticos, prestativos, parecem até seus parentes (os bons kkk). Fomos recebidos com espumante no gelo, num quarto aconchegante, sem luxos, mas com todo o básico necessário para uma boa estada: cama caprichada, aquecedor (a temperatura de madrugada chega por volta de zero), banho quente, armário, espaço, privacidade e próximo de tudo. Um café da manhã com todo básico e um poquito más... água à vontade no quarto (sempre repunham as minerais, gratuitas) e no salão, chás também 24h, vc PRECISA deles, principalmente o de coca, para regular a altitude. O serviço de lavanderia é sempre necessário, pois tem passeios que vc volta imundo, e o hotel lava e não te cobra, como cortesia... E mais: quando vc sai de madrugada para os passeios, eles te dão um kit café da manhã, com suco, achocolatado, fruta e sanduíche.  É aquele lugar que vc volta, com toda certeza, e indica para os amigos. Ah, e quando minha filha passou mal, fizeram lanche para ela fora do horário. Realmente, uns fofos.

Após a chegada, fomos à agência Ayllu confirmar os passeios (fomos a pé mesmo) e recebemos nosso roteiro dos passeios. Passeamos pela Rua Caracoles ( a principal), arredores, mercado de artesanato, e jantamos na Casa de La Piedra, uma pizza à lenha muito boa **. Lugar rústico mas bem aconchegante.

Vale ressaltar que o clima do deserto tem uma variação muito grande: vc acorda com temperatura negativa, e a partir do sol subindo, vc vai descascando a “cebola”, podendo chegar a 25° no inverno (na época que fomos). Depois que o sol se põe, começa a se vestir de novo. O céu do Atacama é um dos mais limpos do mundo, por isso escolhido para os projetos de observação astronômica ( o Alma, por exemplo). Lembre-se que a Cordilheira dos Andes mostra-se imponente o tempo todo, diferente de Santiago, que quase sempre está nublado.

Você não vê nuvens: aqui chuva e tempo nublado é quase uma loteria. Outro ponto importante: poeira, MUITA poeira. Levem roupas marrons, botas marrons, tênis laranja. Vcs vão ficar imundos, não tem jeito. Mesmo nos melhores restaurantes, vc anda na terra batida.

É obrigatório levar hidratante (Nivea Mega Power Plus), bloqueador solar, colírio, soro adequado para o nariz, máscara corta vento/poeira ( vc pode comprar lá), touca, cachecol, roupa térmica para alguns passeios(blusa, meia e ceroula), casaco corta vento, tênis VELHO e bota VELHA. Deixe seus novinhos para andar em Santiago. Aliás, esqueça suas roupas chiques. O Atacama não comporta grifes. Bonés e chapéus são bem vindos. Óculos escuros são imprescindíveis, e  o cantil ou garrafinha de água serão seus companheiros inseparáveis. Não se esqueça de levar remédio para enjoo, dor de cabeça, ou lance mão dos chás locais. Gabi tomou chá de chachacoma para o mal da altitude e funcionou super bem.

Tudo na cidade é muito descolado. É comum o uso de maconha. Mas ninguém se incomoda, segurança total, a polícia é figurativa. A folha de coca também é mascada sem pudor, apesar de tecnicamente proibida. Mas ninguém liga...Vc vê uma babilônia de gente, e é tanto cachorro de raça de rua que não dá pra acreditar...parece que decoram a cidade, que é semelhante ao Velho Oeste Americano.

Um guia nos falou que a melhor época para ir ao Atacama seria novembro. Mas cada um tem seu gosto e disponibilidade. Vc pode ir em qualquer mês do ano.

QUARTA, 02/08:  
Saímos às 8:30h com o grupo (nunca mais de 12 pessoas; nesse éramos 6 somente) rumo às Termas de Puritama, reserva a 3.550m onde se desfruta de 8 piscinas térmicas devido à passagem de água pelas rochas vulcânicas. Uma delícia de lugar, que apesar do frio, pudemos entrar, pois a temperatura da água varia entre 32 e 35°. Estava com pouca gente, e era quase um ofurô particular no meio do deserto...um luxo...ainda mais com os mimos da agência, que  cede dois roupões (para vc não passar frio) e um brunch de cair o queixo. Quem nos acompanhou nesse dia foi ninguém menos que o dono da agência, o Mike. Tinha vinho chardonnay “nacional” geladinho, ceviche de salmão, espetinhos de camarão, empanadas, frutas, doces...Na ida e na volta fizemos várias paradas, com explicações sobre os vulcões, sobre a vegetação local, economia do Chile, enfim, uma boa ambientação para o primeiro dia de aventuras.   
  

Voltamos ao hotel, descansamos e fomos jantar no “La Estaka”, restaurante delicioso ***, lugar bem charmoso. De lá, fomos para a agência, de onde partimos para o Tour Astronômico “Astrocoya”, que apesar da lua crescente nos atrapalhando, foi uma aula particular bem interessante, com o professor Mário. Vimos a lua de pertinho, as estrelas duplas, as nebulosas, Júpiter e suas luas, Saturno e seus anéis, Antares, etc. O frio estava de rachar...mas valeu a pena.

QUINTA, 03/08:     

Saída 5:30h para o Geiser del Tatio, acompanhados do guia Oscar. É nessa hora que vc usa todas as roupas de frio que vc levou (fez -10°). Lugar mágico, onde observamos o campo geotérmico e as piscinas termais, a 4.320 m, fazendo um lindo contraste com as montanhas cheias de neve.  As colunas de vapor chegam a 10 metros de altura e 85° de temperatura. Os geisers são formados quando os rios gelados subterrâneos entram em contato com as rochas quentes vulcânicas e saem em forma de jatos pelas fissuras da terra...um show da natureza. 

Às 8:30h foi servido um café da manhã em pleno campo, delicioso, onde o grupo se confraternizou. Seguimos para a Vista de Vizcachas, com várias paradas para ver a fauna (vizcachas-lebre do deserto, vicunhas, burrinhos e patos andinos), fora a vegetação local, muito peculiar e um lindo cânion. Seguimos para o povoado de Machuca, onde as famílias exploram o turismo vendendo espetinho de lhama. Uma delícia!

Obs: Gabriela passou muito mal na subida. Ficou muito enjoada e quase não aproveitou o passeio. De tarde tínhamos outro tour, mas ela ficou no hotel. É, o Atacama tem dessas surpresas...

Fomos almoçar no Tierra (muito ruim, nem vou colocar estrela), mas precisávamos comer muito rápido para emendar no outro passeio da tarde.

Saímos às 15h para o Valle de La Luna, altura de 2.480 m, acompanhados do guia Jayme. Passeamos pelas dunas, pela Caverna de Sal ( só para os fortes kkk, é aí que vc estraga seu tênis e se suja todo),  formada por cristais de sal, argila e gesso. Seguimos para a Pedra do Coyote, Anfiteatro (é uma formação que de longe lembra um anfiteatro grego), além do Valle de La Muerte. São lugares de natureza muito peculiar, com formações em pedras vermelhas, semelhantes ao solo lunar e ao solo de Marte. Na verdade, o nome correto seria Valle de Marte, mas os nativos entenderam Muerte, aí ficou...

Foi servido um coquetel ao por do sol, com uma troca de cores nas montanhas de tirar o fôlego. Mais uma linda paisagem com direito a fotos maravilhosas. Vale ressaltar que iniciamos o passeio de camiseta, mas depois que o sol se põe a temperatura despenca.

Voltamos ao hotel e lá mesmo jantamos, pois Gabi ainda estava se recuperando. O passeio que ela perdeu foi transferido para o dia seguinte, sem prejuízos.

SEXTA, 04/08:    

Mais uma vez saímos de madrugada, com o guia Mário ( o melhor playlist da viagem), para as Lagoas Altiplánicas e Piedras Rojas. Novamente usamos toda roupa quente que levamos, e mesmo assim, a -16°C fica difícil não sentir frio... mas a paisagem é tão deslumbrante, que vc nem liga. Pode acreditar. Vc se sente no Canal Off kkkk.

Chegamos ao amanhecer, e logo fomos à Lagoa Tuyaito ao lado do vulcão Meñiques. O local chama-se Antofagasta e fica perto da fronteira com a Argentina. Mário montou o café da manhã ao lado das Piedras Rojas, uma bela formação ao lado do Salar de Talar, que estava congelado. Que contraste!!

Seguimos para a Lagoa Miscanti, outro lugar fantástico, e depois para o povoado de Socaire, onde tem os cactos gigantes. De lá se tem uma bela vista do deserto, inclusive das mineradoras que exploram o lugar, principalmente de lítio. Passamos na estrada pelo Trópico de Capricórnio. Chegamos à agência por volta das 14h, onde um almoço brasileiro nos esperava: feijão e churrasco!

Fomos passear pela cidade e depois dar uma descansada para o jantar, no “Delicias del Carmen”**. Lugar simplérrimo e de comida MUITO farta. Os pratos dão para dividir.

SÁBADO, 05/08:     

Preparem-se para a cereja do bolo...

Passeio ao Salar de Tara, chegando a 4.500m de altitude. Fomos novamente com o Oscar, iniciando pelo vulcão Licancabur, onde pegamos -10°C (lembram-se da roupa?), com paisagens inicialmente com neve, e aos poucos iam se transformando num deserto de areia grossa vermelha. Passamos pelos Moais de Tara, lindas formações de pedra causadas pela erosão do vento, cada um com seu formato dando asas à imaginação. De lá seguimos para as “Catedrais de Tara”, cujo nome já se explica, uma formação magnífica. Passamos pelo Paso de Jama e paramos no Mirante de San Pedro de Atacama, desvendando uma linda paisagem de formações rochosas e lagos.

Paramos na Laguna de Quepiaco, reserva de flamingos, onde foi montado nosso almoço, mais uma vez delicioso (salmão grelhado acompanhado de vinho chardonnay). De babar!    

Chegamos ao hotel por volta das 16:30h, descansamos, e seguimos para o jantar na cidade, num lugar peculiar, “Pica del Indio” kkk. Muito bom e barato **. O lugar não tem sobremesa, então fomos depois a uma confeitaria, “San Francisco”, comer tortas de limão e de maçã...

Era lua cheia, a cidade estava bem movimentada, com todas as lojas abertas às 22h. Ainda fizemos as últimas comprinhas e nos despedimos da cidade. Vale salientar que o atendimento nas lojas é sofrível (conseguir um desconto é uma guerra), e nos restaurantes, funciona um pouco melhor. Eles ainda têm muito que melhorar.

DOMINGO, 06/08

Tomamos nosso café, nos arrumamos e aguardamos o transfer para Calama. Almoçamos no aeroporto e chegamos a Santiago por volta das 17h. Dessa vez ficamos no Hotel El Bosque Ebro, perto do Shopping Costanera. Hotel bom, mas inferior ao Plaza San Francisco. O serviço de taxi era muito caro, mas um funcionário nos recomendou o Uber, e deu certo (usamos para o aeroporto). Fora isso, andamos de metrô, que por sinal é muito eficiente.

Fomos à noite ao Shopping, a pé, e estava lotado, devido às promoções. Jantamos num italiano muito bom, o “Rosso Italiano “***, com boas cervejas artesanais.

SEGUNDA, 07/08    
Fomos visitar a Vinícola Cousino Macul (chegamos de metrô + taxi). Pegamos um guia brasileiro, visto que os visitantes são 90% daqui. É um lugar bem interessante, com uma história peculiar, pois a vinícola foi tocada por uma mulher, coisa nada comum para o século XIX. Fizemos uma degustação com queijos, muito boa, ganhamos taças e vinhos, e compramos mais alguns. Você pode sair do Chile com até 6 garrafas na mão.  

Deixamos os vinhos no hotel e fomos almoçar no shopping para as últimas compras.

À noite, jantar de despedida no “Mestizo”***, localizado à beira de um lago, um lindo restaurante com comida internacional. Mais uns piscos foram degustados...

TERÇA, 08/08

Volta para o Rio de Janeiro, antes desfrutando do bom freeshop de Santiago. Chegada às 18:30h, já com muita saudade dos lindos lugares que estivemos!

Obs.: os asteriscos servem para pontuar os restaurantes. Aqui variou de 2 a 4 asteriscos, sendo 2, razoável, 3, bom e 4, ótimo.