7 dia de passeio
Dia de conhecer o lindo vale do Kadisha, lugar de beleza ímpar, onde descemos bem próximos do Monastério São Elísio (maronita). As montanhas são belíssimas, e em todo canto há cavernas que serviram de esconderijo aos cristãos perseguidos. Não há como descrever aqui a beleza e o encantamento desse lugar. Seguimos para Bcharre, onde visitamos o Museu de Gibran, grande escritor libanês, que impressiona pela sua estrutura bem organizada, além de estar num lugar lindíssimo, cheio de roseiras e de frente para o vale. De lá seguimos para os Cedros de Deus, Horsh Arz El- Rab, lugar também mágico, lindo, com uma reserva de 400 cedros, mas em processo de expansão. Só há 4 florestas dessas em todo Líbano.
Antes almoçamos num dos restaurantes que ficam em frente, lugar super agradável e com um comércio bem ativo. Partimos então para a floresta, uma bela caminhada, e chegamos no lugar mais alto onde uma das árvores, atingida por um raio, foi esculpida pelo artista Rudy Rahmé. É uma beleza infinita de se ver. Nove figuras se destacam, entre bichos (tucano e veado), pessoas (mulher, família sagrada, um homem), um martelo, e várias imagens de Jesus, crucificado, de lado ou só uma face. Imperdível.
8 dia de passeio
Dia de passeio em Beirute. Fomos direto ao Museu de História, lugar pequeno, mas muito estruturado, onde pudemos acompanhar toda história do Líbano desde seus primeiros habitantes, na remota Idade da Pedra. Muito interessante o trabalho de conservação que os funcionários desenvolveram durante os períodos de conflitos, desde o ato de esconder as obras, de protegê-las, até sua restauração e nova exposição. As milícias usavam o museu como abrigo, e muitas das obras se perderam. Mas o que restou ficou muito bem apresentado, com valor histórico muito rico. Curioso também foi ouvir “As Bachianas” no filme de apresentação do Museu. Partimos para Downtown, onde visitamos a Praça do Relógio, o Parlamento, a Catedral Ortodoxa de São Jorge, o museu de ruínas romanas (embaixo), a Praça dos Mártires, as ruínas romanas de superfície, os Banhos Romanos (ainda bem preservados). Almoçamos um manouche no souk e fomos à Mesquita Al Amin, a maior de Beirute, onde no pátio externo tinha o túmulo do Rafik Hariri e seus seguranças, mortos no atentado a bomba em 2005.
Muito bonita e imponente, curiosa por se localizar entre duas igrejas, mostrando a tolerância entre as religiões. Ainda avistamos, ancorada no porto, a fragata “ Independência”, brasileira, que faz parte das tropas de paz da ONU. Fomos ao supermercado comprar temperos e azeite, voltamos ao hotel. Fomos ao Dalida Bar, onde assistimos o Dabke, a dança folclórica onde os locais participam muito, grande animação de todos; fumamos shisha, tomamos vinho de Zahle, e só não foi a noite perfeita porque tentaram nos enrolar na conta...
9 dia de passeio
Fomos direto para Tiro (ou Tyre, ou Sour). Cidade predominantemente mulçumana, porém, encontramos um recanto cristão, escondidinho após o porto: entramos na Igreja de Santa Maria do Mar, depois nas ruelas achamos vários restaurantes e pousadas super charmosas, entramos na Al Fanar para conhecer e tomar um café à beira do mar. Seguimos para as ruínas romanas perto da praia, cheias de mosaicos;
Fomos almoçar no mesmo restaurante de 3ª, o Saman, e dessa vez provamos um delicioso babarranouche, além dos sanduiches deliciosos e mais falafel. Partimos para Saida (Sidon), onde visitamos o Castelo dos Cruzados e fomos ao souk, onde chegamos primeiro ao Museu do Sabão, mantido pela Fundação Audi: descoberta por acaso, durante a reforma de uma casa, uma antiga fábrica de sabão do século 17 usava azeite nos seus produtos, muito comum nessa região. Depois fomos à Igreja de São Nicolau, lugar santo onde Jesus passou e houve o último encontro entre Paulo e Pedro (ali era a casa dele), através de uma passagem secreta que ligava o local ao porto, já que Paulo estava sendo levado para morrer em Roma. Era onde os cristãos se escondiam das perseguições, e foi edificada no século 7, metade católica, metade ortodoxa. Lugar de MUITA emoção. Em seguida, fomos fazer comprinhas no grande souk, com muitas variedades e bons preços. Ainda em Sidon, visitamos o Palácio Francês, ponto importante de comércio da região. Voltamos para o hotel, comemos manouche e arrumamos as malas.
10 dia de passeio
Fomos para o Palácio Beiteddine,
erguido no século 18 pelo emir Bashir Shihab II, belíssimo, mescla o estilo árabe com o italiano barroco; construído com pedras, possui vários mosaicos recuperados das ruínas gregas e romanas. Interessante a área dos banhos e sauna, bem modernos para a época; foi tomado pelos Otomanos e o transformaram em residência do governo. Em 1943 virou residência oficial do Presidente. Após a guerra civil, Kamal Jumblatt comprou o castelo e o restaurou, assim como várias construções na cidade, e o transformou em museu.
Seguimos para o Castelo de Moussa,
famoso por ter sido todo construído por seu dono, para mostrar para uma moça que ele poderia ter um castelo. Apesar de não ter casado com ela, a estória se tornou emblemática e sua obra como construtor e artesão (fez também os bonecos que decoram a casa) o tornaram muito famoso. Há reproduções no seu interior de passagens da sua vida, na escola, no campo, com os parentes. Ele também colecionou várias peças antigas, incluindo joias, armas baús, uniformes, além de outros artefatos da história do Líbano. Tudo bem interessante. Almoçamos na cidade, Deir Al Qamar, no Al Midane, e comemos um delicioso cardápio árabe, com taboule, quibe, hommus, coalhada seca, etc. Entramos na Igreja Maronita de Saydet Al Telles, muito bonita. Curiosamente fica ao lado de uma Sinagoga, transformada em museu. Subimos para o souk, mais comprinhas, talvez o mais organizado souk da viagem. Voltamos para o hotel, antes parando numa venda para comprar xícaras árabes. Deixamos as compras no hotel e fomos comprar doces para levar para o Brasil. Jantamos novamente no El Falamanqui.
11 dia de passeio
Dia livre, fomos ao souk de Beirute para as últimas compras e nos despedir da cidade. Almoçamos no Café Libanais, maravilhoso, autêntica comida da vovó, ainda com direito a suco de romã. Às 18:30h Julia foi nos buscar e nos levou ao Aeroporto.
Minhas impressões: O povo libanês é muito hospitaleiro e simpático. Fomos sempre muito bem atendidos, salvo raras exceções. A comida é ótima e farta. O trânsito do Líbano, especialmente de Beirute, é caótico: ninguém respeita faixa, não usam capacete, param em qualquer lugar, 4 faixas se transformam em 8...buzinam o tempo TODO. Não há transporte público decente, portanto todos têm carro, e o dia todo fica engarrafado. O transporte para turistas acaba sendo o táxi e o Uber (que usamos bastante, sem problemas). Sobre os táxis, bem, táxi é táxi em qualquer lugar do mundo. Mas nada que não pudesse ser devidamente combinado ANTES da corrida (eles NÃO TÊM taxímetro). Em alguns lugares a limpeza deixa a desejar, principalmente nos pontos turísticos. A estrutura deles está sempre recomeçando, devido aos inúmeros conflitos e bombardeios. As praias urbanas estão poluídas. Os prédios bombardeados se misturam aos novíssimos, isso é muito curioso. Houve um programa político feito pelo Primeiro Ministro Hariri em 1994 chamado Solidaire (SLDR- Societé Libanaise pour Le Développement e La Reconstruction), para a reconstrução da cidade pós destruições. Muitos não quiseram dar ao programa seus prédios, então há vários ainda não restaurados. Claramente estão sempre em estado de alerta. Há Exército e polícia em todos os cantos. Mas nunca me senti tão segura: não vimos nenhum conflito, nenhum assalto, nenhuma violência. Há barreiras ou check points no país todo. A população é bem dividida em termos de religião: há cristãos, sunitas, xiitas e alauis; há drusos, ortodoxos, melquitas e maronitas. Todos convivem bem; todos se respeitam. Lá, o Hezbollah é adorado, pois é o partido que defende o povo e dá apoio ao Exército. Em compensação, não aceitam israelenses no seu território. Nem se pode ter carimbo de Israel no passaporte. Você simplesmente não entra no país. Beirute tem setores cristãos, mulçumanos, sírios e armênios. Eles não se misturam, têm sua vida própria. Percebemos isso a partir do hotel, que era localizado na Rouche, setor mulçumano, e logo depois do farol Al Manara se transforma em cristão.
A maioria da população fuma muito, todos os cafés tem narguilé (ou shisha). As mulheres adoram. Eu adorei. E não confundam shisha com haxixe! Não é droga e não dá nenhum barato.
As libanesas são lindas. Sempre bem maquiadas, mesmo de véu ficam deslumbrantes. Os rapazes também não ficam atrás, sempre com o cabelo e barba impecáveis e super bem vestidos. Eles dão muito valor à estética: os cirurgiões plásticos e dermatologistas são muito ricos. Alguma semelhança??
Nosso esquema de viagem foi perfeito: guia particular (Kátia) falando árabe e português (além de inglês), nos proporcionou compras, restaurantes, acesso a lugares, que não conseguiríamos sem sua ajuda. Ela foi o diferencial da nossa viagem, além de ser excelente fotógrafa. Ainda nos presenteou com azeite de fabricação familiar, uma joia! Nosso apoio em Beirute, a Júlia, também nota 10, foi incansável em nos proporcionar as reservas dos restaurantes, levar às compras e outros pedidos fora do comum, como conhecer a clínica dentária, fora nos acompanhar nos traslados do aeroporto. Fizemos um grupo de Whatsapp onde rapidamente éramos atendidos e auxiliados, chefiados pelo Luciano Asckhar, dono da agência no Brasil. O WiFI do hotel funcionava muito bem, e o dos restaurantes, nem tanto (mas dava pra chamar Uber quase sempre). Deu tudo certo. A grande maioria da população só fala árabe mesmo (por isso acho que um guia é extremamente necessário). Poucas pessoas falam inglês (só nos lugares turísticos) e o francês, só algumas pessoas mais velhas ou os universitários. Mas entendem nossa mímica e têm uma boa vontade fora do comum.